A expressão ‘vaga afirmativa’ se popularizou no mercado de trabalho. Com certeza você já ouviu falar sobre o assunto, mas talvez tenha dúvidas sobre ele.
De maneira geral, as vagas afirmativas representam iniciativas públicas ou privadas adotadas para corrigir desigualdades sociais. No caso das empresas, a estratégia é adotada para fortalecer as políticas de diversidade e inclusão.
Nesse conteúdo, falaremos sobre a definição de vagas afirmativas, sua importância, a quem se destinam e como encontrar oportunidades de inserção. Boa leitura!
O que são vagas afirmativas?
As vagas afirmativas são entendidas como uma política de reforço social para garantir equidade no trabalho. Elas integram um conjunto de ações, obrigatórias ou não, para integrar grupos específicos incluídos nas minorias.
No Brasil, as vagas afirmativas representam medidas para garantir a aplicação do princípio da igualdade previsto na Constituição Federal de 1988. Além disso, o Estatuto da Igualdade Racial, o Decreto 9.571/2018 e a Lei 8.213/1991 também amparam essa política.
Desse modo, como política, as vagas afirmativas contribuem para diminuir a desigualdade econômica e social entre pessoas sem acesso às oportunidades.
Qual a importância das vagas afirmativas?
Historicamente, o Brasil é um país de desigualdades. Seja na área econômica, regional, racial ou de gênero, elas são fazem parte das estatísticas. E no mercado de trabalho o contraste fica mais evidente.
Criar oportunidades para grupos socialmente desfavorecidos promove a diversidade, inclusão e equidade. Nesse sentido, as vagas afirmativas são benéficas para os trabalhadores e para as organizações.
As empresas aumentam seus lucros e se tornam mais competitivas. Além de reforçar a atração e retenção de talentos, resultando na satisfação do colaborador.
As vantagens também se estendem a outras áreas, formando uma cadeia. Fornecedores, clientes e parceiros sentem-se atraídos por organizações que se abrem a esse tipo de política assertiva.
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Quem pode se candidatar a vagas afirmativas?
Como dissemos, as vagas afirmativas são destinadas a indivíduos ou grupos frequentemente segregados no mercado. Nesse contexto temos mulheres (mães ou gestantes), imigrantes ou refugiados e pessoas 50+ podem se candidatar.
Pessoas pretas ou pertencentes aos povos originários, membros da comunidade LGBTQIA+, pessoas com deficiência ou baixa renda também podem ser contemplados. Vamos entender por quê.
População negra
O racismo estrutural no Brasil reflete nas oportunidades de trabalho para pessoas negras. Em 2022, segundo pesquisa divulgada pelo Globo, entre 600 mil vagas disponíveis na plataforma, apenas seis mil eram afirmativas. E 5% delas eram abertas para pessoas negras.
Nos concursos federais, a desigualdade fica mais evidente. Conforme levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2014 e 2017, apenas 3,18% das vagas estavam reservadas para pessoas negras. Embora a legislação estabeleça percentual mínimo de 20%.
Sendo assim, o recrutamento e seleção de pessoas negras tem a missão de diminuir a desigualdade e a discriminação.
População indígena
O grupo étnico indígena, também chamado de povos originários, representa 0,83% da população, conforme o último Censo Demográfico do IBGE. Embora o número de indígenas com curso superior contratados com carteira assinada tenha aumentado, a pandemia teve consequências entre essa população.
Uma pesquisa da FGV Social aponta que 28,6% dos indígenas sofreram com desemprego. A dificuldade de acesso à educação torna essa etnia ainda mais distante do mercado de trabalho.
Por essas razões, esse grupo precisa contar com as vagas afirmativas para conseguir recolocação no mercado trabalho. O papel social das empresas, nesse contexto, é contribuir para eliminar preconceitos e estereótipos tão comuns com povos originários.
Mulheres
A inserção da mulher no mercado é recente. Até os anos 1940 o papel feminino estava limitado às tarefas domésticas e cuidados com os filhos. Mais tarde, na década de 1970, elas passaram a ocupar cargos nas empresas, vendendo sua força de trabalho.
Dados mostram que, de 2019 a 2022, houve aumento na taxa de desocupação entre mulheres. Passando de 9,5% a 11,6%, respectivamente. Conforme a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, as trabalhadoras são as primeiras a serem demitidas e excluídas do mercado.
É por esses desafios que a criação de vagas específicas para mulheres precisa avançar. A inserção de ações afirmativas trazem resultados evidentes. Entre eles, mais inovação, produtividade e resolutividade na tomada de decisões.
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Pessoas LGBTQIA+
O preconceito e a desinformação representam uma barreira nos processos seletivos, forçando esse público a trabalhar na informalidade.
No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Projeto TransVida apontou que apenas 15% dos participantes trabalham em regime CLT e 14,3% se dedicam à prostituição.
Dados referentes ao público LGBTQIA+ mostram que 15,6% trabalham como autônomos formais e 27,2% são autônomos informais.
Por isso, as vagas afirmativas são essenciais. No entanto, apenas criar postos de trabalho não é suficiente. As empresas devem promover um ambiente de igualdade e acolhimento, preparando a equipe para entender a situação de vulnerabilidade que afeta essas pessoas.
Baixa Renda
A baixa qualificação gera trabalhadores de baixa renda, naturalmente excluídos do mercado de trabalho. Pois, a falta de recursos impossibilita o investimento em capacitação, criando um ciclo.
Considerando que os processos de recrutamento e seleção usam critérios tradicionais como experiência profissional, formação, habilidades comportamentais ou técnicas, a dificuldade para inserção da população de baixa renda aumenta.
Sem esquecer que determinadas empresas exigem habilitação e veículo próprio, curso de idiomas e experiência prévia. São condições praticamente inexistentes para pessoas com baixo poder aquisitivo.
Ao abrir oportunidades afirmativas, as organizações contribuem para diminuir a desigualdade financeira. Ações simples como a redução de exigências no recrutamento ou a oferta de desenvolvimento pessoal podem fazer a diferença.
PCDs
Mesmo amparadas pela Lei 8.213/1991, as vagas afirmativas para Pessoas com Deficiência (PCDs) não atendem o universo desse público. Tanto que, apenas 1,1% das oportunidades no mercado formal abrigam essa comunidade.
Empresas que oferecem trabalho para PCDs promovem a equidade e a inclusão assertiva no mercado de trabalho, diminuindo as diferenças. Como benefício interno, a contratação de pessoas com deficiência contribui para desenvolver uma cultura organizacional mais sólida e plural.
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Onde encontrar vagas afirmativas?
Acredite, elas existem! A questão é onde e como procurar. Como primeiro passo, sugerimos buscar por empresas que reconhecidas por trabalhar com Diversidade e Inclusão.
As redes sociais são um bom caminho para encontrar emprego. No LinkedIn, por exemplo, usando palavras-chave é possível obter resultados específicos. Plataformas de emprego funcionam da mesma maneira utilizando o recurso de pesquisa.
Entidades e organizações como Sine, Sebrae, Senai e Senac também oferecem vagas destinadas a públicos específicos.
Por fim, uma dica de ouro! O Portal de Vagas Sólides é uma plataforma de recrutamento com oportunidades oferecidas por empresas parceiras. A plataforma aposta na diversidade e traz vagas afirmativas para diferentes públicos.
As vagas afirmativas existem para garantir igualdade no ambiente profissional. Se você faz parte de um grupo excluído nos processos seletivos ou conhece alguém que gostaria de saber mais sobre o assunto, compartilhe esse artigo e acesse o Portal de Vagas Sólides!