O Setembro Amarelo é uma campanha mundial de combate ao suicido e não deve ser tratada como mera formalidade no calendário do RH.
Para ajudar os analistas a entenderem o significado dessa iniciativa, preparamos este conteúdo com dicas sobre como abordar o assunto na empresa. Continue a leitura e saiba como o RH pode apoiar e divulgar a campanha voltada à prevenção e à conscientização sobre o suicídio.
O que é setembro amarelo?
O Setembro Amarelo é uma campanha mundial para evitar o suicídio. O dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Mas as ações de prevenção ocorrem o ano todo. Instituições, associações, profissionais de saúde, empresas, escolas e entidades governamentais promovem ações e discussões sobre o tema.
A campanha começou nos Estados Unidos, em 1994. Foi em homenagem a Mike Emme, um jovem de 17 anos que cometeu suicídio em 8 de setembro daquele ano. No Brasil, a campanha começou em 2015, por iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Qual a importância do setembro amarelo?
Segundo especialistas, o suicídio é um problema de saúde pública que, infelizmente, ainda não é tratado como tal. E os números são expressivos. No Brasil, ocorrem cerca de 12 mil casos de suicídio por ano. Isso significa que mais de um milhão de pessoas em todo o mundo tiram a própria vida.
Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022, mostram que mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio. Ainda, um a cada 100 óbitos tiveram esse desfecho.
O suicídio é uma das principais causas de morte no mundo. Ele mata mais do que o HIV, malária, câncer de mama e homicídio. Ademais, apenas 38 países têm uma estratégia nacional de prevenção.
Infelizmente, a população jovem é bastante atingida. O suicídio é mais comum entre jovens de 15 a 29 anos do que acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal. É a quarta causa de morte nessa faixa etária.
Todas essas estatísticas reforçam a importância do Setembro Amarelo para salvar vidas. Os índices crescentes de suicídios colocam o assunto em pauta na internet, nos grupos de discussão, na mídia e dentro das empresas.
Por isso, um dos principais objetivos da campanha é prevenir novos casos de suicídio. Sabemos que o assunto ainda é considerado tabu em muitas culturas. No entanto, falar sobre suicídio e alertar sobre a importância da saúde mental é imprescindível para combater o estigma e salvar vidas.
Como abordar o setembro amarelo na empresa?
A principal abordagem da campanha Setembro Amarelo é a conscientização. E o principal erro da gestão de pessoas é ignorar o problema e desconhecer suas causas.
É importante lembrar que estamos lidando com pessoas diferentes em termos de comportamento, resiliência e inteligência emocional. Por isso, confira algumas ações para o RH participar do Setembro Amarelo.
Promova uma cultura organizacional humanizada
Manter um ambiente humanizado, empático e acolhedor deveria ser uma prática constante nas empresas. Afinal, uma cultura organizacional com essas características ajuda a equilibrar as diferenças e fortalece a diversidade.
É importante que o RH una as pessoas e não as separe por etnia, gênero, idade ou qualquer outro motivo.
Elaborar um código de conduta é importante para todos entenderem como a empresa cuida da saúde mental das pessoas desde o início.
Aposte na comunicação clara e sem rodeios sobre o assunto
A depressão é um dos principais fatores que podem levar uma pessoa ao suicídio. No entanto, outras situações funcionam como gatilhos emocionais e abalam o psicológico de um indivíduo. Trata-se de situações-limite que podem desencadear a partir de:
- Isolamento por diferentes motivos, seja como característica de personalidade, consequência do trabalho remoto ou por situações de assédio;
- Uso indiscriminado de substâncias, como remédios controlados e drogas ilícitas;
- Distúrbios psicológicos, como transtorno bipolar, estresse, ansiedade, esquizofrenia, estresse pós-traumático, Síndrome de Burnout, entre outros.
Falar sobre assuntos de ordem pessoal e oferecer uma escuta acolhedora contribui para identificar problemas. Logo, o RH deve oferecer apoio, sem ser invasivo, e sim solidário.
Faça treinamentos e promova discussões
Muitas vezes, a pessoa em sofrimento psíquico não é o colaborador, mas algum familiar ou amigo. Então, como ajudar nesses casos? A resposta é simples: investindo em conhecimento e informação.
Assumir uma postura ativa denota cuidado com os colaboradores e com seus familiares. Portanto, oferecer treinamento é útil para que todos saibam como agir quando identificarem sintomas e sinais.
Para tanto, realize debates, produza informativos e crie canais para discussão. Isso vai tornar os distúrbios psicológicos e suas consequências - diretas e indiretas - um assunto relevante e longe de qualquer estigma.
Ofereça suporte e apoio
É importante transformar os colaboradores em agentes disseminadores de informações sobre saúde mental e prevenção do suicídio. Lembre-se que todos são capazes de ajudar quem precisa.
Mas o RH deve estar atento ao absenteísmo. Afinal, as causas podem ser conflitos não solucionados entre colegas de equipe ou por quadros agravados de depressão. Então, busque recuperar um profissional com problemas e não afastá-lo ainda mais do convívio na empresa.
Divulgue o Setembro Amarelo na empresa
Decorar os ambientes com a cor característica da campanha é uma ação simples, mas muito eficiente. Nesse sentido, faixas e balões amarelos, iluminação especial na fachada, distribuição de informativos com dicas e dados estatísticos podem fazer a diferença.
Com essas ações, a empresa demonstra estar ciente que a prevenção ao suicídio vai muito além da campanha. Elas devem acontecer o ano todo e não podem se limitar à rede de saúde.
Comportamentos que o RH deve ficar atento
Perceber fatores de risco e sinais de alerta como mudanças comportamentais e absenteísmo ou presenteísmo ajuda a identificar problemas relacionados ao suicídio. Conheça alguns sinais que o RH deve estar atento para contribuir com a prevenção:
- Transtornos mentais: saiba identificá-los e encaminhe o colaborador para atendimento profissional com médico psiquiatra;
- Histórico pessoal: indivíduos que já tentaram suicídio têm 5 a 6 vezes mais chance investir contra a vida novamente;
- Ideação suicida: comentários que demonstrem desesperança, desespero ou desamparo podem ser manifestações claras de pensamentos suicidas. Frases explícitas como “eu preferia estar morto” ou sutis como “caso não nos encontremos novamente” não devem ser menosprezadas;
- Fatores de estresse crônicos ou recentes: situações como separação conjugal, migração, luto, crises financeiras ou perda de emprego podem ser causas de suicídio;
- Organização de detalhes: comportamentos que sugiram a preparação para o suicídio são sinais de alerta. Mensagens de adeus em redes sociais, bilhetes, ligações, testamentos, doações ou muitos comprimidos mostram que algo está errado.
- Acesso a meios para cometer o ato: armas de fogo, locais elevados e medicação em excesso;
- Impulsividade: suicídios costumam ser planejados. Mas isso não é regra. Atos impensados ou motivados por eventos negativos também são preocupantes;
- Eventos adversos na infância e adolescência: maus-tratos, abuso, drogas, baixo rendimento escolar e falta de apoio emocional são fatores de risco.
- Motivos aparentes ou ocultos: muitas vezes, o desejo do suicida é apenas “acabar com a dor” ou “diminuir o sofrimento”. Portanto, é fundamental estar atento aos sinais que nem sempre são visíveis;
- Presença de outras doenças: enfermidades crônicas são fatores de risco. Por isso, além do acompanhamento de especialistas, é importante ter suporte psicológico.
Agora que você sabe as causas do suicídio e como lidar com isso, divulgue os serviços de apoio, como o CVV. Lembre-se que é fundamental a participação de todos os setores da sociedade para diminuir as taxas de suicídio.
Por fim, tenha em mente que a prevenção deve sempre considerar fatores biológicos, psicológicos, políticos, sociais e culturais. Por isso, o sujeito deve ser visto como um ser complexo e único. Assim, suas particularidades serão respeitadas.
E não deixe de investir no planejamento estratégico da saúde mental e cuidado com os colaboradores. Afinal, viver vale a pena e falar é a melhor solução.